Uma mudança na letra “Girassol”, o maior hit do grupo Cidade Negra, vem incendiando as redes sociais com uma controvérsia entre fãs da banda.
No último sábado (4), durante participação no programa ” Altas horas”, apresentado por Serginho Groisman, o vocalista Toni Garrido explicou o motivo de ter alterado um trecho da composição depois de 25 anos do lançamento da obra.
A parte que sofreu a modificação dizia, originalmente: “A verdade prova que o tempo é o senhor / dos dois destinos, dos dois destinos… / Já que pra ser homem tem que ter / a grandeza de um menino, de um menino”.
Na nova versão, a letra foi transformada para: “A verdade prova que o tempo é o senhor / dos dois destinos, dos dois destinos… / Já que pra ser homem tem que ter / a grandeza de uma menina, de uma mulher”. Mas, afinal, qual a justificativa para a mudança?
Ao citar o assunto pela primeira vez, Toni Garrido ressaltou que a transformação aconteceu devido a uma percepção de que a letra era “hétero e machista”. A canção tem autoria dele junto aos colegas Bino Farias, Lazão, Da Gama e Pedro Luís.
“Durante anos eu tinha certeza que estava cantando uma canção certa de amor, e que estava fazendo o bem para as pessoas. Depois de 25 anos cantando a música, um dia bateu uma ficha aqui, e eu falei: ‘Hétero machista top, horrível'”, justificou ele. A alteração — e sobretudo tal justificativa para o fato — despertou uma enxurrada de críticas nas redes sociais.
A maior parte dos fãs de Toni Garrido considerou a mudança um reflexo de uma “militância errada”, como frisou um internauta, por meio de comentário no Instagram. “Sempre achei que o sentido era: ‘para ser um homem de verdade, você precisa ter a pureza, o cuidado, a sensibilidade de uma criança’… Entendi errado todo esse tempo?, questionou um usuário do X.
De fato, na versão original da letra, “menino” é uma metáfora para criança. “Acho que é querer lacrar em algo que não tem necessidade. Estão deixando a língua portuguesa de lado, a poesia, a interpretação”, afirmou uma pessoa, por meio do X. “Agora vai ter que mudar o título da música ‘Girassol’ para colocar ‘Margarida'”, ironizou mais um fã do cantor, em comentário no Instagram.
Houve, no entanto, que defendesse Toni Garrido. “Não precisava. Mas ele quis englobar as mulheres na letra também”, ponderou um internauta. “Acredito que a música, quando busca traduzir contextos culturais, só se completa ao trazer o ‘ouvinte’ para dentro da cena: há 25 anos parece falar de ‘menino’ no sentido de criança, de mantê-la viva; agora que Brasil ocupa quinto lugar de feminicído, por que não resignificar o valor de ser ‘homem’?”, refletiu mais uma fã da banda.

