A pressão política sobre os bancos centrais é um fenômeno recorrente na história econômica e ganhou novas proporções nos últimos anos. Para o economista-chefe e sócio da Vinland Capital, Aurélio Bicalho, esse movimento sempre existiu, mas tornou-se mais aberto e visível, especialmente em países como os Estados Unidos.
Na avaliação do economista, a prática traz consequências negativas. “É ruim ter pressão sobre o Banco Central. Afeta a credibilidade e causa ruído”, disse. Ele lembra que esse tipo de influência acaba pesando nas escolhas de política monetária, ainda que os bancos centrais tentem manter sua autonomia.
Segundo Bicalho, episódios recentes reforçam a percepção de que a interferência política está mais intensa. Ele cita como exemplo a decisão do Federal Reserve (Fed) de cortar juros em setembro, às vésperas de uma eleição apertada, movimento historicamente evitado para não gerar interpretações eleitorais.
O tema foi discutido no Stock Pickers, podcast apresentado por Lucas Collazo.
De acordo com Bicalho, o corte de 50 pontos-base promovido pelo Fed, em referência ao ano passado, em um período tão sensível abriu espaço para questionamentos. A decisão, que iniciou um ciclo de redução da taxa de juros pouco antes do pleito, levantou dúvidas sobre um possível viés político.
“Historicamente, o Fed evita mexer na política monetária muito próximo da eleição, justamente para não gerar essa percepção. Esse movimento do ano passado gerou discussão: foi político ou não foi?”
Ele acrescenta que situações como essa aumentam a pressão sobre a autoridade monetária. Em um cenário eleitoral, governos e candidatos podem usar as decisões do banco central para sustentar narrativas de favorecimento ou prejuízo político.
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Bicalho destacou ainda que declarações públicas de autoridades monetárias também ampliam esse ambiente de desconfiança.
O economista citou como exemplo recente a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, que durante um discurso afirmou que não seria prudente Donald Trump interferir no Federal Reserve (Fed).
A influência política sobre os bancos centrais também ocorre de forma institucional. O economista lembrou que Donald Trump já conseguiu indicar membros alinhados ao seu perfil econômico para o Fed. Stephen Meyer, por exemplo, votou pelo corte mais agressivo de 50 pontos-base na última reunião.
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O mandato de Jerome Powell, atual chairman do Fed, termina em maio. Caso Trump confirme mais uma indicação, o board da instituição terá maioria de membros escolhidos por ele.
“Isso tem peso direto. Já influenciou e tende a influenciar ainda mais as próximas decisões”
Para o economista, a presença de novos integrantes com viés mais favorável a cortes reforça a tendência de uma política monetária mais frouxa nos Estados Unidos. Esse movimento, segundo ele, pode contaminar a atuação de outros dirigentes dentro do Fed.
Ainda que exista a possibilidade de parte do board adotar uma postura mais conservadora para reafirmar a autonomia da instituição, Bicalho acredita que predomina o risco de juros mais baixos.
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