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O suspense médico que vai te prender até o último segundo — veja no Prime Video neste fim de semana

Dia após dia, enfrentamos situações as mais complexas, que exigem de nós muita inteligência emocional — o bom e velho jogo de cintura —, aptidões técnicas, destreza, agilidade de raciocínio e, claro, sangue frio na medida exata. As relações que somos forçados a estabelecer uns com os outros, do empregado para o chefe, de colega para colega, de um vizinho para o outro, não raro demandam-nos qualidades de que não dispomos ao natural, que precisamos cultivar. Ao nos reconhecermos diferentes uns dos outros, ao sabermo-nos propensos a reações desproporcionais se expostos a uma carga de estresse um tanto mais elevada, tomamos a atitude consciente de refrear nossos impulsos, procedimento que só se torna viável graças a uma malha de neurônios desenvolvidos pela natureza com a função de armazenar e dispor do maior número de informações possível. “A Mistake” entra nesses enigmas do cérebro humano jogando luz sobre questões biológicas e subjetivas, vividas por uma cirurgiã experiente e um profissional que ainda tem muito a aprender. Adaptado do romance homônimo de Carl Shuker, de 2019, a diretora-roteirista Christine Jeffs fala sobre as fronteiras e a inconsistência da morte, esse despenhadeiro para o qual caminha a humanidade.

Elizabeth Taylor não é tão famosa quanto a estrela de cinema de quem empresta o nome, mas tem a vida que sempre quis. Ela é a cirurgiã-chefe de um grande hospital de Auckland, Nova Zelândia, e acostumou-se a receber politraumatizados por acidentes de trânsito, policiais baleados nos confrontos próprios do ofício e crianças que despencam de balanços, e agora tem diante de si um caso que a inquieta pelas particularidades. Lisa, uma mulher jovem, chega apresentando dores intensas no abdômen, e após breve averiguação, Elizabeth descobre que o DIU saiu do lugar e causou uma infecção no peritônio. A tensão das primeiras sequências de “A Mistake” galgam um nível mais alto quando Lisa vai para a mesa de operação; tudo corre bem, Elizabeth abre a barriga da paciente, começa a remover o corpo estranho de plástico e suturar a região afetada, mas sua glória está prestes a emurchecer. Richard, um residente sob sua supervisão, comete um erro durante o procedimento para liberação dos gases acumulados na cavidade abdominal de Lisa, o sangue se acumula e extravasa para a pele e a equipe leva preciosos minutos até que a situação volte à aparente normalidade.

O episódio mergulha o filme na abordagem soturna que define todos os acontecimentos até o desfecho. As cenas no centro cirúrgico cedem lugar a uma batalha de egos que se desenrola num deslocamento constante pelos corredores do hospital, disfarçada pelos semblantes imperturbáveis de Elizabeth e Richard, esforçando-se em silêncio até achar a  explicação para a morte de Lisa, na manhã seguinte. Acacia O’Connor sai de cena depois dos instantes de agonia de sua personagem, deixando o caminho livre para Elizabeth Banks e Richard Crouchley encarnarem os dilemas éticos dos protagonistas. Richard fora encarregado pela chefe de comunicar aos pais de Lisa o sucesso da operação na noite anterior, escondendo a intercorrência da hemorragia, decerto um fator que contribuiu para a má evolução do quadro. A imprensa não demora a aparecer, e Jeffs vale-se desse gancho para refinar sua análise sobre as falhas dos discípulos deHipócrates, mais comuns do que se imagina, e varridas para debaixo de grossos tapetes pelos ricos burocratas que mandam e desmandam no segmento. A diretora inclui os espectadores que não morrem de amores por tramas acerca dos descaminhos de médicos outrora poderosos ao enfronhar-se também na intimidade de Elizabeth e sua namorada, Robin, a enfermeira vivida por Mickey Sumner, e uma cena em que entram no mar à noite, ao fim do dia em que Lisa é operada traz uma insólita poesia ao todo. Banks domina todas essas faces de sua anti-heroína, sem que precisemos de esperar um final feliz. E ele fica mesmo mais e mais distante à medida que a verdade vai saindo da UTI.

Filme:
A Mistake

Diretor:

Christine Jeffs

Ano:
2024

Gênero:
Drama/Thriller

Avaliação:

8/10
1
1




★★★★★★★★★★



Fonte

Redação

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