A Argentina volta a votar em cédulas de papel, mas com um modelo inédito. Nas eleições legislativas marcadas para 26 de outubro, o país adotará pela primeira vez o sistema de cédula única nacional, em substituição ao antigo formato em que cada partido distribuía suas próprias cédulas aos eleitores.
O novo método, aprovado em 2024, busca padronizar o processo eleitoral e reduzir o risco de fraudes. A votação continua manual, mas agora o eleitor receberá do mesário uma única cédula impressa com nomes e fotos de todos os candidatos.
Basta marcar um “x” ao lado da escolha, dobrar o papel e depositá-lo na urna, formato semelhante ao usado no Brasil até 1994, antes da adoção da urna eletrônica.
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A mudança, porém, levantou preocupações entre autoridades eleitorais e partidos políticos. Em distritos com grande número de candidatos, o tamanho e a complexidade das cédulas podem gerar confusão na hora da votação.
Para reduzir o risco de erro, políticos lançaram campanhas educativas. O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, um dos principais opositores de Javier Milei, gravou um vídeo explicando como votar corretamente: “Faça uma cruz, um X — não seja criativo”, brincou.
Antes da mudança nacional, algumas províncias já utilizavam o modelo, mas esta é a primeira vez que a cédula única será aplicada em todo o país.
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Erro caro
A novidade também trouxe um desafio logístico. Pela nova lei, alterações nas cédulas só podem ser feitas até 15 dias antes da votação, o que limita correções de última hora.
O partido A Liberdade Avança, de Milei, pediu à Justiça a reimpressão da cédula da província de Buenos Aires para retirar o nome do deputado José Luis Espert, que desistiu da disputa após ser citado em uma investigação sobre corrupção e tráfico de drogas.
O pedido foi negado: o custo da reimpressão seria de cerca de R$ 90 milhões. Espert era um dos principais nomes de Milei na província mais populosa do país, e sua saída foi considerada um revés político para o governo.
Clima de tensão
A introdução da cédula única ocorre em um momento decisivo para Javier Milei, que tenta ampliar sua base no Congresso e consolidar apoio às suas reformas econômicas.
As eleições legislativas servirão como termômetro político para medir a aprovação popular de seu programa de austeridade e qualquer falha, seja no processo eleitoral ou entre aliados, pode influenciar o resultado nas urnas.

