A sessão da última segunda-feira (27) foi de euforia para os mercados argentinos, com o bom desempenho do Libertad Avanza (LLA), partido do presidente Javier Milei, nas eleições legislativas realizadas no domingo (26) no país. O resultado pode facilitar a aprovação de reformas propostas pelo governo.
Na véspera, o índice S&P Merval disparou 21,7%, enquanto os ADRs de empresas argentinas se destacaram em Nova York. O ADR (recibo de ações negociados nos EUA) da YPF avançou 23,8%, o Banco Macro subiu 37,6%, e Pampa Energia avançou 23,75% em Wall Street. A Telecom Argentina subiu 37,5%.
“O desempenho eleitoral mais forte do que o esperado da LLA ontem deve dar um impulso sólido à agenda de reformas do governo e também contribuir significativamente para retornar os preços dos ativos para mais perto de onde estavam antes da eleição da Província de Buenos Aires”, avaliaram economistas do UBS.
LISTA GRATUITA
10 small caps para investir
A lista de ações de setores promissores da Bolsa
Leia também: Milei consolida força e ganha margem para avançar reformas, aponta analista da XP
Para o banco, a eleição solidificou o mandato de Milei por austeridade fiscal, inflação baixa e reformas estruturais. As preocupações de que a assistência financeira dos EUA (US$ 20 bilhões em uma linha de swap anunciada recentemente e outros US$ 20 bilhões em uma potencial linha de recompra com instituições privadas) pudesse depender de uma vitória de Milei nas eleições de meio de mandato também podem ter ajudado a influenciar os eleitores a votar a favor da LLA, notou o UBS.
O otimismo pode reverberar também em ações não-argentinas ou que tem exposição a outros países, conforme destaca o Itaú BBA.
Continua depois da publicidade
O BBA considera os resultados como ligeiramente positivos para a região da América Latina e aproveitou a oportunidade para mapear a exposição de ações não-argentinas ao país.
No geral, o banco está overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) em ações do Brasil e do Chile e tem uma pequena exposição fora do índice na Argentina (por meio da Vista).
Ao fazer o mapeamento, o BBA identificou 26 empresas com exposição comercial direta à Argentina. Chile (principalmente em bens de consumo básicos), Brasil (setores diversificados) e México (em menor grau) têm empresas listadas expostas ao país, embora não significativamente significativas em termos da composição geral do índice do país.
O banco destaca as seguintes ações com recomendação de compra como potenciais beneficiárias da melhora do momento econômico e do sentimento na Argentina: i) Mercado Livre (BDR: ROXO34; 22% da receita e 43% da margem de contribuição); ii) Arcos Dorados (franquia do McDonald’s, respondendo a cerca de 13% do Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, incluído no ETF de maior liquidez do país); iii) Coca-Cola Andina (cerca de 22% da exposição ao Ebitda); e Natura (NATU3, cerca de 21% do Ebitda), ambas com mais de 10% de seus negócios provenientes do país.
Com relação ao setor de bens de capital, o Bradesco BBI também destacou a exposição à Argentina de empresas brasileiras, com base nos resultados financeiros de 2024. A Fras-le (FRAS3) obtém aproximadamente 7% de sua receita da Argentina, Mahle Metal Leve (LEVE3) 10% e Marcopolo (POMO4) respondendo também a 7% da receita (em 12 meses). A Randoncorp (RAPT4), por sua vez, tem cerca de 7% de exposição à região Mercosul + Chile. “As exportações do Brasil para a Argentina têm sido um importante motor de crescimento para a Marcopolo este ano”, reforça ainda o BBI.
O BBA destacou em quadro as ações com exposição à Argentina, que segue abaixo. Em negrito, estão as ações de empresas brasileiras:
Continua depois da publicidade
| Ticker | Empresa | Setor | Exposição em Receita | Exposição em EBITDA | Performance (em 27/10/2025) | Performance (acumulado em 2025) |
|---|---|---|---|---|---|---|
| MELI | Mercado Livre | Consumo Discricionário | 22% | 43% da Margem de Contribuição (proxy de EBIT) | 5,6% | 34,2% |
| ABEV3 | Ambev | Consumo Essencial | 13% | 15% | 0,3% | 3,5% |
| WEGE3 | WEG | Industriais | 3-5% | – | 0,7% | -21,0% |
| BBAS3 | Banco do Brasil | Financeiro | – | 1% dos Ativos e 3% do Patrimônio (Patagônia) | 1,6% | -13,7% |
| CENCOSUD | CENCOSUD | Consumo Essencial | 20% | 15% | 7,4% | 31,8% |
| GGBR4 | Gerdau | Materiais | 2% | 1-2% | 0,1% | 0,4% |
| KLBN11 | Klabin | Materiais | 3-4% | – | -1,1% | -23,4% |
| ANDINAB | Coca Cola Andina | Consumo Essencial | 25% | 22% | 4,9% | 35,5% |
| GLOB | Globant | Tecnologia da Informação | 5% | 2-3% | 4,8% | -70,8% |
| CCU | CCU | Consumo Essencial | 26% | 18% | 5,3% | 6,8% |
| NATU3 | Natura | Consumo Essencial | 17% | 21% | 0,8% | -31,0% |
| ORBIA | Orbia | Materiais | 3% | – | 1,1% | 11,7% |
| POMO4 | Marcopolo | Industriais | 5-10% | 5% | 0,7% | 18,6% |
| ARCO | Arcos Dorados | Consumo Discricionário | 12% | 13% | 5,7% | 4,5% |
| BEEF3 | Minerva | Consumo Essencial | 10% | – | -0,4% | 57,0% |
| USIM5 | Usiminas | Materiais | 3% | – | 10,5% | 2,6% |
| FRAS3 | Fras Le | Consumo Discricionário | 7% | – | 0,1% | 12,3% |
| ALPEK | Alpek | Materiais | 3% | – | 2,0% | -26,2% |
| LABB | Genomma Lab | Saúde | 17% | 18% | 5,0% | -26,4% |
| AGRO | AdecoAgro | Consumo Essencial | 49% | 11% | 6,1% | -12,1% |
| VTEX | VTEX | Tecnologia da Informação | 10% | 15% | -0,2% | -23,9% |
| LEVE3 | Mahle Metal Leve | Consumo Discricionário | 10% | – | 0,5% | 3,8% |
| RAPT4 | Randoncorp | Industriais | 2% | – | 0,8% | -39,1% |
| TUPY3 | Tupy | Industriais | 1-5% | – | 2,8% | -46,9% |
| MYPK3 | Iochpe Maxion | Consumo Discricionário | 5% | – | 1,2% | -2,7% |
| CVCB3 | CVC | Consumo Discricionário | 18% | 6% | 3,9% | 34,8% |
(com Estadão Conteúdo)

