O prefeito interino de Santa Quitéria (CE), Joel Barroso (PSB), foi eleito neste domingo (26) com 53,1% dos votos válidos, derrotando Lígia Protásio (PT) e Cândida Figueiredo (União Brasil) em uma eleição suplementar marcada por forte esquema de segurança e pela sombra da influência do crime organizado na política local.
O novo pleito foi convocado após a cassação do ex-prefeito José Braga Barroso, o Braguinha (PSB) — pai de Joel — por abuso de poder político e econômico, em um caso que envolveu ameaças, compra de votos e atuação da facção Comando Vermelho (CV) durante as eleições de 2024.
Com 95% das urnas apuradas, Joel somava 12.902 votos, contra 6.131 (25,2%) de Lígia e 5.259 (21,6%) de Cândida. Ele foi declarado matematicamente eleito às 18h43, com 84,6% das urnas já contabilizadas.
LISTA GRATUITA
10 small caps para investir
A lista de ações de setores promissores da Bolsa
Campanha curta
Apesar do histórico turbulento do município, Joel afirmou que a campanha, que durou cerca de 30 dias, transcorreu “de forma tranquila e sem incidentes”.
“Foi uma campanha receptiva, normal, com boa participação popular”, disse o novo prefeito em entrevista à TV Verdes Mares.
Entre as principais promessas de governo, Joel destacou a reforma do hospital municipal, a criação de um núcleo de atendimento para crianças com autismo e melhorias nas estradas vicinais do município, o maior do Ceará em extensão territorial.
Continua depois da publicidade
Eleições sob vigilância
O pleito deste domingo foi realizado sob forte esquema de segurança. Segundo a Justiça Eleitoral, mais de 200 policiais militares, 40 civis, 200 integrantes do Exército, além de agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atuaram para garantir a ordem e evitar interferências externas.
De prefeito cassado
Braguinha, eleito em 2020 e reeleito em 2024, foi preso no dia 1º de janeiro de 2025, horas antes da posse. Ele era acusado de ter recebido apoio do Comando Vermelho, que teria distribuído drogas em troca de votos, ameaçado eleitores e intimidado apoiadores do adversário Tomás Figueiredo (MDB).
As ordens, segundo o Ministério Público Eleitoral (MPE), partiram de Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze, líder do CV no sertão central do Ceará e natural de Santa Quitéria. As investigações apontaram mensagens de WhatsApp e pichações usadas para intimidar adversários políticos.
Em maio de 2025, Braguinha teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral, decisão confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) em julho, quando foi marcada a eleição suplementar deste domingo.
A defesa do ex-prefeito nega as acusações e afirma que ele é alvo de perseguição política.

