A rebeldia no cinema assume formas amplas e diversas e serve para questionar estruturas sociais, sistemas políticos e até mesmo valores éticos que sustentam o convívio humano. A anarquia, por sua vez, é representada não como um ideal político coeso, mas como uma resposta visceral ao colapso da ordem, à alienação ou ao desejo de viver à margem. O cinema é um terreno fértil para explorar as ambiguidades entre a desordem e libertação, a ruptura e a criação de novas possibilidades de resistência.
A Revista Bula fez essa lista com filmes na Netflix que destacam a rebeldia tanto como uma força transformadora quanto uma manifestação de desalento. Em algumas histórias, personagens comuns, cansados de injustiças, decidem transgredir as regras. Em outras, cenários distópicos exigem como alternativa para sobreviver a espaços já destituídos de ordem institucional. A rebeldia solitária, marcada pela violência e pelo desejo de purificação de um mundo em ruínas morais, assim como a rebeldia coletiva, que se mistura a movimentos culturais e contraculturais. Todos esses filmes confrontam o estabelecido sem que haja garantias de mudança real.
Esses cinco títulos ilustram como a rebeldia e a anarquia atravessam contextos, épocas e sensibilidades. O cinema, como sempre, funciona como um espelho de fraturas sociais, revelando que o impulso de se rebelar, seja contra o sistema, a mediocridade ou si próprio, continua sendo uma das forças universais da experiência humana.
Já Não me Sinto em Casa Neste Mundo (2017), Macon Blair
Uma mulher exausta das pequenas crueldades do cotidiano vê sua casa invadida e, ao perceber a indiferença das autoridades, decide agir por conta própria. Em sua jornada, encontra um vizinho excêntrico que compartilha a mesma sensação de desajuste, e juntos mergulham em uma investigação que os leva a criminosos violentos e situações de risco crescente. O gesto inicial de revolta contra a apatia social se transforma em uma espiral de violência, expondo a fragilidade de quem tenta impor justiça pessoal em um sistema corroído. É o retrato de uma insatisfação tão profunda que a linha entre certo e errado se desfaz, e a rebeldia cotidiana se torna um ato de sobrevivência moral.
Amores Canibais (2016), Ana Lily Amirpour
Uma jovem é banida de sua comunidade e lançada em uma terra árida onde os rejeitados sobrevivem de restos e violência. Entre clãs que se alimentam de carne humana e grupos que formam micro sociedades improvisadas, ela tenta manter sua identidade em meio ao caos. Sua trajetória se desenrola entre encontros brutais, prisioneiros mutilados e relações marcadas por desejo e medo. O deserto funciona como palco de um mundo já em ruínas, onde a ausência de regras oficiais dá lugar a um código de sobrevivência implacável. O que surge é a narrativa de uma peregrinação forçada em que cada escolha pode significar a diferença entre vida e morte, e onde rebeldia não é opção, mas condição de existência.
Güeros (2014), Alonso Ruizpalacios
Um jovem problemático é enviado pela mãe para viver com o irmão universitário na Cidade do México. Lá, em meio a greves estudantis e protestos, os dois embarcam em uma jornada errante pela cidade, acompanhados por uma amiga. A busca por um músico lendário serve de fio condutor, mas o que se revela é um retrato da juventude em suspensão, perdida entre utopia política e desencanto existencial. Os personagens atravessam ruas, festas e espaços abandonados, sempre entre o desejo de transformar e a incapacidade de agir plenamente. O filme mostra uma rebeldia que é tanto ato quanto estilo de vida, misturando humor, poesia e crítica social em um mosaico de desencanto e esperança.
Empire Records (1995), Allan Moyle
Em uma pequena loja de discos independente, um grupo de jovens funcionários tenta resistir à transformação do espaço em uma grande rede corporativa. Cada um deles carrega dilemas pessoais — desde inseguranças amorosas até crises de identidade — mas encontram na loja um refúgio e, ao mesmo tempo, um palco para confrontar suas próprias frustrações. Entre romances não correspondidos, confissões inesperadas e explosões de raiva, surge a descoberta de que o lugar que compartilham é mais do que um emprego: é símbolo de liberdade, amizade e pertencimento. Enquanto a ameaça de padronização cresce, os funcionários se unem em um gesto de rebeldia para salvar o espaço e preservar a cultura que representam. Nesse processo, a anarquia aparece em pequenas insubordinações, músicas em volume máximo e atitudes impulsivas que, juntas, revelam um grito contra a conformidade e a favor da autenticidade juvenil.
Taxi Driver (1976), Martin Scorsese
Um ex-combatente de guerra, insone e isolado, trabalha como motorista de táxi em uma cidade tomada por violência e decadência moral. À medida que percorre as ruas noturnas, alimenta uma crescente aversão ao que considera corrupção e degradação, nutrindo fantasias de purificação pela força. Obcecado por uma jovem prostituta que deseja libertar e por uma mulher envolvida em política, ele se vê cada vez mais consumido pela paranoia. Sua visão de mundo se distorce até que a violência explode como forma de protesto pessoal contra a sociedade. É uma rebeldia solitária, sem causa coletiva, marcada por fúria interna que transforma sua busca por sentido em uma descida rumo ao caos.
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