Divulgação / Paramount Pictures
Entretenimento é o básico que um filme precisa oferecer. Agora, ter uma narrativa bem construída, provocar reflexões profundas, alcançar excelência estética e reformular a forma como as pessoas enxergam o cinema e o mundo é para poucos. Quando a câmera se torna um espelho e a arte ultrapassa a tela, nasce um tipo de cinema que não só marca gerações, mas redefine padrões. A Revista Bula encontrou na Netflix algumas obras que transitam entre culturas, gêneros e épocas e compartilham a grandiosidade emocional, narrativa e estética.
Histórias que exploram a fragilidade das relações humanas e dilemas capazes de levar o espectador ao limite de sua sensibilidade. A sutileza de gestos, silêncios carregados de significado e diálogos que ecoam além das palavras e revelam um cinema maduro, feito para ser sentido em camadas. Nessa lista, trouxemos filmes que são convites à contemplação e ao mergulho na condição humana. Eles propõem uma viagem única e arrancam o espectador de sua rotina e o levam de encontro com emoções que só o cinema pode sintetizar com tanta perfeição.
Dias Perfeitos (2023), Wim Wenders

Um homem solitário dedica-se a limpar banheiros públicos em Tóquio, levando uma vida marcada por rotina rigorosa e observação atenta do cotidiano. Sua existência é pautada por pequenos gestos: o cuidado com as plantas, a leitura antes de dormir, a contemplação da luz e das pessoas que cruzam seu caminho. A aparente monotonia, no entanto, se revela como um espaço de beleza e serenidade, onde cada detalhe ganha valor simbólico. Quando encontros inesperados trazem mudanças sutis à sua rotina, ele percebe que até nas menores ações existe a possibilidade de plenitude.
Aftersun (2022), Charlotte Wells

Uma mulher adulta relembra uma viagem que fez na infância com o pai, durante férias em um resort simples no litoral da Turquia. Entre brincadeiras na piscina, passeios de barco e conversas despretensiosas, surgem momentos de ternura que escondem as sombras de uma melancolia profunda. O olhar da filha, anos depois, mistura as lembranças vividas com a compreensão tardia das dores silenciosas que marcavam o pai naquela época. A narrativa revela a força da memória e a dificuldade em conciliar a alegria da infância com a tristeza invisível dos adultos que amamos.
Drive My Car (2021), Ryusuke Hamaguchi

Um diretor de teatro, ainda devastado pela morte da esposa, aceita trabalhar em uma montagem de Tio Vânia em Hiroshima. Durante o processo, ele é designado a conviver diariamente com uma jovem motorista silenciosa, que se torna sua inesperada confidente. À medida que os ensaios avançam e o contato entre os dois se intensifica, lembranças dolorosas vêm à tona, confrontando-o com a infidelidade da esposa e com sua própria incapacidade de lidar com a perda. No silêncio dos trajetos de carro e nas falas fragmentadas do palco, nasce uma troca íntima que revela feridas, mas também uma possibilidade de reconciliação com o passado.
Na Natureza Selvagem (2007), Sean Penn

Um jovem recém-formado, insatisfeito com a vida tradicional que a família espera dele, abandona bens, dinheiro e carreira promissora para viajar sozinho pelos Estados Unidos. Em busca de liberdade plena, ele se afasta das convenções sociais e adota um estilo de vida errante, encontrando pessoas que lhe oferecem novas perspectivas sobre amizade, amor e sobrevivência. Sua jornada culmina na chegada ao Alasca, onde se instala em um ônibus abandonado em meio à natureza selvagem. Lá, enfrenta as consequências de suas escolhas, confrontando o limite entre o idealismo e a dureza da realidade.
O Poderoso Chefão (1972), Francis Ford Coppola

Em meio à Nova York do pós-guerra, uma família de imigrantes italianos comanda uma das organizações criminosas mais poderosas da cidade. Quando o patriarca sofre um atentado, o filho mais jovem, até então afastado dos negócios, é obrigado a assumir um papel central para garantir a sobrevivência do clã. Entre alianças frágeis, traições sangrentas e a tentação pelo poder absoluto, ele passa de herdeiro relutante a líder implacável. O caminho escolhido redefine para sempre o destino da família, revelando o preço moral e humano da lealdade e da ambição.